Tempo

No caminhar das horas mudas

No correr dos minutos incontáveis

Não percebo o tempo que se foi

No calor dos dias passados

A felicidade quase pôde ser tocada

O agora pôde ser bebido, aspirado, presenciado...

Mais um daqueles momentos silenciosos da vida

Onde basta um trocar de olhares

Para saber que vai ficar tudo bem

Basta um sorriso no canto da boca

Para saber que ainda nos lembramos um do outro

Basta uma memória qualquer

Para saber que não importam as distâncias

Quanto tempo faz?

Nossas memórias são incontestáveis retratos do que já passou

Pintados com a louca aquarela da amizade

Mas eu já não conto mais o tempo

Deixo a insanidade dos dias me levar

Essa imprecisão que nos carrega e flui sem destino

Penetra pela carne e pela alma

O que o vento quiser

O que o momento decidir

O que o tempo disser

Eu não sinto falta de nada além do que já temos

Escolhi a dança que segue sem ritmo

Numa melodia desafinada, montanha russa atestada do caos

Escolhi o esquecimento das horas

Debaixo da tempestade latente nós nos vemos sem relógios

O tempo que voa já não faz mais diferença

Nos encontramos no horizonte da vida

E nos deixamos perder

Na incerteza de chegar

Mas seguimos juntos, entre erros e acertos

Na única certeza de aproveitar o caminho

Nesse tempo de distâncias e memórias

Continuamos aliados com o imprevisível

Vivendo o presente lado a lado

Estaremos lá, onde o tempo nos levar

Estaremos juntos, dure o tempo que durar