CONCLUSÃO DA MADRUGADA
Esta madrugada foi linda e silente,
A chuva veio de companheira
Entoar-lhe um serenata fagueira
Por haver estado assim absente.
Sinto os toques dos pingos no chão
Como uma etérea lira dedilhada,
Pelos anjos, bem compartilhada,
Como um preito de adoração.
E o meu sono na canção embalado
Para o mundo dos edênicos sonhos
Onde cantei com numes risonhos,
Enquanto das dores eu era curado.
Então foi de mim toda ansiedade,
Ficou tua ausência que inda me tortura,
E as lembranças de muita tristura
Me sufocavam num mar de saudade.
E já sei não criar mais expectativa,
Que toda noite será estrelada,
Porque quando ela vem acinzentada
Faz a minha vida mais evocativa.
Por isso, os dias não são sempre iguais,
Não é tudo sempre o mesmo riso,
Nem são iguais as flores no paraíso,
Nem os gozos tem os mesmos finais.
(YEHORAM)