Uma banana ao pessimismo

O vinho inda dorme no cacho de uva branca

Que descansa sóbrio apoiado no arame,

Mosca da esperança pica a desdita na anca,

Antes na janela, ora, sentada no baldrame.

O porvir promete um belo alento por vir,

Mas nem sei se ainda creio em promessas,

Vou colocar o meu filhote para dormir,

A menos que a insônia também o impeça.

Vai que uma hora sorteiam meus números,

E viro notícia, enfim, um novo magnata,

O monte de ossos, tíbias, perônios e úmeros,

Retoma a vida, assim que a fortuna bata

Vou sedento à vindima não deixo uma baga,

pois plantando afago, espero ceifar afeto,

Uma banana ao pessimismo que amola a adaga,

Porém, se ele estiver certo, melhor deixar quieto...