HIBISCOS VERMELHO-SANGUE
Da janela do meu quarto, muito, muito feliz,
Eu apreciava e ouvia o piar dos passarinhos...
Sem eu querer..., o destino sempre nos condiz!
A uns metros, eu reparei nos meus canteirinhos,
O meu lindo pé de hibisco vermelho sangue em botão...
Na manhã seguinte, eu já quase que adivinhando,
Fui apreciar as suas flores abertas me esperando;
Apesar de não terem nenhum perfume consagrado,
Sentia que elas queriam que eu ficasse ao seu lado;
De mansinho me aproximei e toquei-as com emoção...
Enormes pétalas bem desenhadas em harmonia,
Atraiam-me com força, irradiando muita energia;
Parecia que me convidavam a dizer meus segredos,
Seduziram-me, para ali eu depositar os meus medos;
Foi assim que aconteceu, formou-se então uma confissão...
Eu falava de coisas belas e tristes da minha vida,
Desta pessoa que eu sou, muito simples e querida...
Esperando que elas entendessem qualquer sofrimento
Que por mim passou, e confortando-me neste momento;
Senti que a cada dia, tudo isso tinha um preço e uma razão...
Elas estavam aos poucos morrendo e nada eu poderia fazer.
Uma vida curta, onde as minhas confidências foram tragadas
Numa cumplicidade, bondade e amizade de um grande prazer.
Os esforços para elas se abrirem ao sol às deixavam cansadas;
Ainda lembro das pétalas retorcidas, que me feriam de compaixão.
Ali mesmo no meu jardim um sepulcro se fez presente,
As flores uma a uma, foram murchando, se recolhendo,
Sentia enorme dor quando as via caídas na minha frente.
Com todas elas um sopro de mim também foi morrendo,
Sei que cada uma em vida, foi um momento doado de adoração...
Para aqueles diálogos que cada hibisco vermelho sangue levou,
Foi uma lição que eu aprendi com o respeito a tudo que é belo;
Eu sempre vivi plenamente o que o destino para mim reservou,
Mesmo não alcançando a perfeição, fui puro e amei o singelo;
Feliz e paciente então, eu os esperarei até a sua próxima floração.