EXÍLIO
Antes que os homens sujos se aproximassem daquela sã carcaça apodrecida,
Não saberiam me dizer se ali alguma criatura morou ou se, aliás, foi esquecida...
Depois que nos seguiram, pelos rastros amargos com o cheiro de imortalidade,
Amorfanharam nossos sentimentos, mas não essa nossa tão sonhada liberdade.
Sem uma comida que me desse uma saliva de palavras fortes,
Que eu não pouparia em retratar nos absurdos das vidas idas;
Fico a entrar no meu livro da consciência anotando as mortes,
Depois que as emoções das famílias, já não fossem resolvidas.
Fico a penetrar em cada humano como um sangue que flui no corpo,
E percorro a sua trajetória na vã e rogada passagem deste momento;
Que não se leva á lugar algum, se assim mesmo fingir-se estar morto,
A tudo que ensinei nessa grande parede, qual foi meu muro de lamento.
Escrevia os dias das memórias em profusa invalidez camuflada do eu,
Que me servira ao longo do tempo para enaltecer os meus seguidores,
Dessa marcha de um tempo, que o ser humano frio nunca reconheceu...
É uma glória tão merecida que não se ensina mesmo nas próprias dores.
Abracei a morte e despindo-a com o olhar de quem de longe a recusara,
Caminhávamos..., quando eu já me via em frente a um pergaminho antigo,
Mandou-me desenrolá-lo, logo eu pude ler os nomes de quem ali assinara;
Grandes pessoas que se foram rebeldes, mas com maestria, nesse castigo.
Ficar eu aqui sem poder tirar as amarras das mentiras e morrer só no tempo,
Sem a alma estar morta, me consome em desespero sem esse seu justo luto.
Quem saberá o que o exílio deixou em mim, na loucura ou no meu livramento,
Não estará mais aqui agora, mas sim dentro desta batalha que a ti eu resoluto.
Lá fora todo mundo é pássaro e livremente voa, mas sem ter uma boa razão...
O mais limpo e digno seria aquele que mesmo estando em pecado perdoasse,
Não olhando as causas e os porquês de quem delibera a sua simples opinião.
Assim morreríamos em liberdade assistida, para que essa voz nunca calasse.