Velhice prematura.
Este dia que nasce, este rejuvenescer de esperanças fugazes,
Pois breve serão mortas pela escuridão da noite,
Fazendo tudo se perder no abismo da solidão,
Já minha velha e impiedosa companheira de açoite,
Servirá apenas à volúpia da contabilidade do tempo,
Insistente, persistente em massacrar-me antemão,
Aproximando-me do fim, outrora cantado em versos loquazes,
Ora mais assustador à medida que o calendário avança.
Será tudo tão igual que antevejo a monotonia
Que intrépida e selvagem seu manto lança
E canto, tonto, a falta de ação, só canto quando devia
Encorajar-me e enfrenta-la munido de muita imaginação!
Mas, vislumbrar uma saída e mantê-la viva já é alento,
Deitar-me à noite cheio de expectativas pro amanhã
É saudade que quero extirpar, renascendo-as num afã,
Fazendo-as durar muito, muito mais que um dia e uma noite!