A natureza
Sonhando acordado,
Sinto o perfume
Que exala da flor.
Perfume das flores,
Das flores das matas,
Das matas que o homem
Não sabe cuidar.
No mesmo perfume
Ouço o cantar:
De garças, guarás,
Anuns, sabiás,
Do uirapuru
Que já está nu,
E tropeça nas notas
De o seu último cantar.
Sonhando outra vez
Me pego a voar.
Um raio de luz
Porém me conduz
Lá no horizonte,
A um brilho sem fim.
É o Sol lamentante
Que insiste constante
Num rogo de dor:
-Meu filho querido
Nem tudo é perdido
No Planeta Azul.
Então derrepente
Sem nada na mente
Eu olho pro céu.
O pobre coitado
Já desesperado
Começa a chorar.
Suas lágrimas trêmulas
Palpitam pequenas
Diante de mim.
Talvez com certeza
A Mãe Natureza
Queira explicar,
Através do vento,
Do vento que sopra
Na imensa amplidão.
Eu ouço palavras
Já desordenadas
Que nascem do chão.
E falam somente
No meio das gentes
Dor e aflição:
-Eu vivo perdida
No mundo escondida
Por causa de ti.
És minha vida,
Filho querido
Te quero pra mim.
Venha correndo
Que estou morrendo
Não posso esperar.
Filho querido,
Dá tempo ainda
Pra me salvar.