A natureza

Sonhando acordado,

Sinto o perfume

Que exala da flor.

Perfume das flores,

Das flores das matas,

Das matas que o homem

Não sabe cuidar.

No mesmo perfume

Ouço o cantar:

De garças, guarás,

Anuns, sabiás,

Do uirapuru

Que já está nu,

E tropeça nas notas

De o seu último cantar.

Sonhando outra vez

Me pego a voar.

Um raio de luz

Porém me conduz

Lá no horizonte,

A um brilho sem fim.

É o Sol lamentante

Que insiste constante

Num rogo de dor:

-Meu filho querido

Nem tudo é perdido

No Planeta Azul.

Então derrepente

Sem nada na mente

Eu olho pro céu.

O pobre coitado

Já desesperado

Começa a chorar.

Suas lágrimas trêmulas

Palpitam pequenas

Diante de mim.

Talvez com certeza

A Mãe Natureza

Queira explicar,

Através do vento,

Do vento que sopra

Na imensa amplidão.

Eu ouço palavras

Já desordenadas

Que nascem do chão.

E falam somente

No meio das gentes

Dor e aflição:

-Eu vivo perdida

No mundo escondida

Por causa de ti.

És minha vida,

Filho querido

Te quero pra mim.

Venha correndo

Que estou morrendo

Não posso esperar.

Filho querido,

Dá tempo ainda

Pra me salvar.

Valdemarí Morais
Enviado por Valdemarí Morais em 19/05/2010
Código do texto: T2267294
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