Tempo

Mais um dia levanto-me preguiçosamente

Inicia-se a rotina quotidiana uma e outra vez

Acordar, espreguiçar e finalmente abrir os olhos definitivamente

Daquele que vai ser mais um dia entre tantos nefastos dias

Ai como o corpo recusa a tristeza e monástica labuta

Implora por se juntar às aves, fazer por um dia essa permuta

Quer sair, correr descalça pela praia ainda gélida

Quer ser livre, deitar-se e sentir o vento na minha pele candida

Oh alma aprisionada neste corpo que escreve

A saudade da liberdade quando ainda nele não morava

Quando era somente éter de mil cores e assim teve

Infinita liberdade e assim conquistava

Um lugar mais próximo da Lua

Um lugar onde seria desprovida e somente tua

Mas não! Ainda não é agora a hora da liberdade

É o momento de ser forte neste corpo e com suavidade

Aprender, mais uma vez, mais uma vida

Os obstáculos, mágoas, tudo ultrapassar

Assim, quem sabe? Terei então a famosa alegria pretendida

De num mar calmo sem tempestades habitar

Dia após dia, ano após ano, década após década,

Sinto-me transformar, umas vezes subitamente

Outras meses e anos passam igualmente

Umas vezes floresço através da perca

Outras através da descoberta

Tempo essa incontornável medida

Bem te tento fintar qual futebolista

Questiono-te incisivamente qual jornalista

Tempo diz-me ao ouvido

Quanto mais tempo terei que rezar à esperança?

Fazes-te de surdo mas sei que estás aí escondido

Sei porque me trazes ainda uma suave lembrança

Um pequeno fio de Luz

Sempre presente no meu coração que aind reluz

Ah tempo! Sei que estás aí calado

Não importa! Continuarei a escrever neste refúgio recatado

Tempo até amanha, vou sonhar

Continuarei a minha busca além Mar.

Mafalda Sanches

Mafalda Sanches
Enviado por Mafalda Sanches em 09/04/2010
Código do texto: T2187072
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.