Longe demais

Migrei aos poucos

Para o centro da placa tectônica de minhas emoções

Longe das bordas das paixões instáveis

Dos tremores formidáveis

Das manifestações selvagens

Migrei para o centro

Para a estabilidade política sustentável

Nem à esquerda, nem à direita

Sem a ditadura das compulsões cegas

Nem a ausência de quem se nega

Migrei para dentro do equilíbrio

Para evitar loucuras

Para viver sereno

Sem seus manares nem seus venenos

Sem desafios nem aventuras

Migrei pro meio

Aonde não há sobressaltos

Aonde a esperança é fato

O jeito que se encontra para ficar e esperar

O dia de retornar