RAIO

RAIO

Árvore de dourada fronte,

Sombra refrescante do solitário viajor.

Dos teus dedos, os acordes que harmonizam meu canto,

Da seiva, a proteína; dos frutos, o licor.

Lago azul de ebulição constante.

Fonte de mil braços que aquece o amigo.

Ora tuas ondas são o bailar de uma amante;

Ora do cântico pálido um passado de castigo.

Nas folhas que florescem dos pingos de orvalho,

Lembra que a vida é um eterno renascer.

Quer como árvore, quer como lago,

És Raio que surge todo amanhecer.

Hoje que tu fitas o decair do pôr do sol,

Esquece os dissabores das noites estremecidas.

Somos nós que pintamos o nosso próprio arrebol,

Com a caneta que usamos diariamente na lida.