Sussuro vital

Minha vida pesa às costas.

Encurvado,

Vejo longe uma silhueta

Meio feminina,

Meio masculina,

Acenando-me.

Eu já no ápice da velhice

E do cansaço,

Com a vida escancarando

Todas as portas do saber

Tento distinguir

Quem acena com tanto ardor.

Será um anjo?

Será a mote?

Serão espíritos

De mundos inóspitos

Tentando levar-me

À insanidade?

Aos poucos a silhueta esvai-se no horizonte

Entre o vermelho lume do astro-rei

E os ventos gélidos vindos por detrás das serras.

Sinto uma paz

Uma força sobrenatural

E pacificadora de espíritos

Adentrando meu corpo gasto.

Curando a cegueira

Da minha hipocrisia.

Os ventos trazem consigo

A essência do que é mais belo.

E vão estreitando-se

Entre os labirintos

De minha face senil afagando-a.

Após todas essas sensações inebriantes,

Desvendo que a incógnita

Silhueta turva queria dizer:

Que mesmo no auge da vida

Aindahá muito o que celebrar.

Rafael A
Enviado por Rafael A em 28/07/2009
Código do texto: T1723631
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