No meu sertão
A dor que nos aflige
É a falta de ganhar o pão
Pois a seca nos atinge.
No meu sertão
É duro ganhar a vida
Pois se torna duro o chão
E a terra torna-se ressequida.
No meu sertão
Vivemos sempre a rogar
Ao senhor da consolação
Que venha nos ajudar.
Lá no meu sertão
A semente dificilmente brota
Pois a água que sai do grotão
Nunca chega a nossa horta.
De mãos erguidas ao céu
Vivemos em constante oração
Pensamentos voam ao léu
Vivemos sempre em peregrinação.
Crianças não querem saber
De onde podemos tirar o pão
Quando a fome vem pra valer
Dói o coração ter que dizer não.
A semente para germinar
Precisa de água e adubação
Mas a seca que temos as faz matar
Antes que nasça o primeiro grão.
Vivemos em constante tristeza
Sem água sem luz, mas com sol a pino
Mesmo assim admiramos a natureza
E ao senhor da gloria cantamos hino.