Refúgio
Vou-me embora pros meus sonhos,
Lá posso ser eu e ter você.
Lá tenho riquezas e só alegria,
Nas pontas das folhas ou na leveza do vento posso flutuar,
Vou-me embora pros meus sonhos.
Vou-me embora pros meus sonhos,
Aqui eu não sou feliz,
Lá existe uma aventura de tal modo inconseqüente,
Onde amores são me dados sem luxúria, sem desdém,
As fatias do meu pão são pra mim e meus irmãos.
E como serei feliz, amarei quem quiser, sem medo de me arrepender, caminharei sobre o fogo e mergulharei em seu olhar.
E lá nunca me cansarei, pois viverei pra aproveitar.
Mas serei sutil com tudo, pois não me posso acordar.
Vou-me embora pros meus sonhos.
Em meus sonhos eu ainda brinco de roda e balbucio canções dissilábicas e alegres, brinco de pular corda e de barbante, jogo pedrinhas no rio e corro como o vento.
E quando eu estiver triste de não ter mais jeito,
E quando na forte angustia me der vontade de morrer,
Lá há sempre uma aventura, paixões enlouquecedoras e amores sem desdém.
Vou-me embora pros meus sonhos.