Muito que Haver
Não há o que fazer
Não há o que doer
Só há muito o que se ver
Não há muito que dever
Não há tanto a temer
Mas há muito que daqui haver
Não há' ssim tanto que ceder
Não tens mais frio a tremer
Só não mais queiras reverter
Porém não é também para esquecer
Faze sim o favor de entender
Tudo o que se lhe florescer
No teu jardim, sem muito quê,
À calmaria do doce entardecer
Sim, verdade, há muito o que viver
Assim como vez muita se tem de morrer
Juntar os pedaços de carne e se reconhecer
(...)
Não ao espelho que faz a figura reverter
Mas em cada lembrança do ser
E em cada pedaço do mundo que lhe aparecer
Se te sentes cansado ao alvorecer
Lembra que a tormenta também faz chover
E qual a queimada que faz solo rejuvenescer
Lava teu rosto do piche que faz enegrecer
Levanta altivo para envolver
Tudo que te cerca que sabes valer
Sem medo de novamente o chão lamber
Te digo: o gosto é melhor do que cuidava saber
Uma ping'amarga que se faz arder
Te faz, ressaca, aprender a ler