Doce Túnica

Doce túnica, áspera e confortante

Desce sobre meu corpo,

Arranca-me o frio trêmulo

E dá-me o gelo firme

Doce túnica, negra e leve

Sê meu manto sagrado

Se não curas minhas feridas,

Dá-me a morfina do silêncio

Doce túnica, de pálido azul-cinza iluminada

Vem direta, reta, tal qual uma seta

Se não me ofuscas,

Tira-me fora a vista maltratada

Amarga túnica, doce ao meu paladar,

Que já não saboreia o colorido,

Pois seu tato já foi cegado

E seu olfato ensurdecido

Doce túnica, de espinhoso algodão

Sê a Rosa de Hiroshima em minha mente

Apaga minha sanidade traída

Implode minhas idéias mal erigidas

Doce túnica, grave para muitos, aguda para mim

És a mãe certeira e instantânea,

Que não hesita em aconchegar o filho

Que não suporta mais tremer a fio