APELO
Dói-me a alma nesta hora
A voz emperrada na garganta
As lágrimas contidas se arrojam
É o grito da tua ausência
Que em silêncio banha a face
Teu lugar em mim vazio
Uma imagem virtual finge te ser
Por que estás tão longe?
Ver-te não consigo nas pessoas
Meus sentidos me enganam
Assimétrico, falha o meu olhar
Quando relanceia para o alvo
Bons intentos
Teu cheiro me persegue as narinas
Te procuro sem sucesso nos lugares
Meus sentidos me enganam...
Onde estás, que não te vejo?
Tua face esculpida na memória
É produto de um intelecto criador
Me embriagas
Me enganas
Me endoideces
Não te esquece minha alma
Não se acalma:
Ai, que saudade de te ter!
Que lembrança dos momentos não vividos!
Dos abraços incontidos...
Teu espectro pulula a minha mente
Mas teus olhos, não os vejo nos olhares
Me concentro no nascente
De repente, quem sabe num momento
O centro da retina se inclina atentamente
O foco se ajusta e te busca nas imagens
Não te escondas, ó querida, tanto assim
Te reveles, bem-amada
Que de tarde ou madrugada
Em casa ou na estrada
Venhas sem demora
Pr’esta alma que te implora!