O eu implícito

Acabei amando quem outrora muito desprezava.

Acabei pisando no chão que outrora abominava.

Escutei o que meus ouvidos sempre se fechavam a escutar.

Bebi o que jamais beberia.

Senti o que jamais sentiria.

Falei o que jamais falaria.

Acabei desprezando quem muito amei.

Desprezei o chão que tanto pisei.

Parei de dar ouvidos ao que sempre escutei.

Tornei-me um eu desconhecido.

Ou seria este novo eu, o meu verdadeiro eu, outrora implícito na minha própria desinência, e agora explicitamente revelado?

Talipaula
Enviado por Talipaula em 13/05/2008
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