O eu implícito
Acabei amando quem outrora muito desprezava.
Acabei pisando no chão que outrora abominava.
Escutei o que meus ouvidos sempre se fechavam a escutar.
Bebi o que jamais beberia.
Senti o que jamais sentiria.
Falei o que jamais falaria.
Acabei desprezando quem muito amei.
Desprezei o chão que tanto pisei.
Parei de dar ouvidos ao que sempre escutei.
Tornei-me um eu desconhecido.
Ou seria este novo eu, o meu verdadeiro eu, outrora implícito na minha própria desinência, e agora explicitamente revelado?