Abandono

A cruel leveza

Refletindo, na alma, a frieza

De uma história que já se foi

Mas na memória, ainda dói

Sonhos que nunca mais se realizarão

Destinos que nunca mais se encontrarão

Por trás da face, uma alma vazia

Um coração repleto de ira e agonia

Palavras adornadas em ouro,

Jogadas ao vento por lábios enganosos

Que carregam em si o profano agouro

Perpetuado pelos homens mentirosos

Sorvo minha culpa, e nela, morro

Sejam testemunhas meus versos rancorosos

Gano pelas ruas feito um cão sem dono

Amargo minha chaga, a praga do abandono

Confiei em mim mesmo

E assim mesmo, fui traída

Minha inocência foi roubada,

Minha honra foi consumida

Por trás dessa carne violada,

Chora minha alma destruída

Uma gota de esperança

Olhos sedentos de vingança

Orar para o Criador

Clamando por justiça

Aplacar, dessa alma, a dor

A solidão é a única premissa

O amor dá lugar ao rancor

O ódio é a maior cobiça

Redime um espírito enganado

Afaga o coração quebrantado

Uma lágrima de sangue corre

Do meu rosto desolado

Nenhuma piedade no mundo socorre

A dor de quem se entregou e foi usado

A poeira dos seus sapatos cobre

O rastro de vergonha, por você, deixado

Abandono, essa verdade sombria e má

Para o amor, pior traição não há