Carta vã
Como numa obsolescência cômica,
Na mais demodê das formas,
Pus-me a escrever.
E não fazia sentido: a carta, o amor.
Linhas traçadas a esmo.
A despeito da razão,
Derramava o meu afeto
Na tinta que escorria
- Qual ao sangue jorrado
De um suicídio agônico -
Ao grafar o meu amor.
Escrevia-lhe incessantemente
A avidez aguda da paixão,
E a mesma veemência do meu traço
Se fez no teu desprezo.