Desarrimo sem mágoas

Ainda que me tenha imposto o desarrimo
Saiba que, de ti, mágoas não guardo.
E apesar dessas feridas no meu imo
Nada tens a ver com este meu fardo.

As correntes que me prendem a esta senzala
São grilhões que invisíveis se mantém
Se pelos pulsos estou presa, a alma fala...
Mas talvez tenha que calar esta também.

Porém, não é preciso que apresses o processo
"Descerei a ladeira" do silêncio logo mais.
Pois as palavras que escrevo dão acesso
Aos meus desejos, meus temores e meus ais.

Que ao esquecimento estes sejam relegados
E assim não se propaguem ou lhe importunem.
Não quero ter meus sentimentos desprezados
Nem que meus brios à piedade se acostumem.

Saio de cena para assistir ao espetáculo
E do exílio enxugarei os meus "escritos"
Para não ser da sua paz um obstáculo
Calo também os lamentos ainda "não ditos".

Adriribeiro/@adri.poesias
 
Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 15/05/2021
Reeditado em 22/05/2021
Código do texto: T7256286
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