AS LEMBRANÇAS LANÇAREI AOS POMBOS

Vejo a praia que és tu

Em ondas a tatiar, me buscar e recuar.

Vejo a lua que também és tu

Que de cheia começa a minguar,

E que já não inspira o violão;

Nem os trovadores;

Nem as senhoras, nem os senhores;

Nem mesmo os lobos;

Nem as sereias;

Nem o mar.

Vejo a relva que foste tu

A esverdear e secar.

O sol que também foste tu

Que vivia a me acalentar,

E que agora queima a cera que liga as penas que roubei dos pássaros para te alcançar.

Vejo-me triste a definhar

Tal como as folhas de outono

Que caem para o inverno chegar.

Vejo-me como um fósforo riscado;

Um cigarro frio;

Um marinheiro sem navio;

A fé que não sabe acreditar.

Mas o que és e o que foste pouco importa

O que serás há de ser meta.

As lembranças lançarei aos pombos para os alimentar

E o meu amor asfixiado ficará.

Tudo para te transformar na memória inútil

De um amor que não soube durar.

RENIE RAZ
Enviado por RENIE RAZ em 21/06/2020
Reeditado em 22/06/2020
Código do texto: T6983633
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