Mundi

O coliseu agora desabou

e as feras estão à solta pelo mundo moderno.

Ameaçam mordeduras aos homens que interpelam a aflição, a pandemia e a guerra.

Leões da estrela de Israel contra os gládios dos desertos do petróleo

e Maomé com as costas viradas ao contrário de Meca.

Leste Europeu: última resistência vermelha também subjugada

a projétil e horda.

Bestas-feras ultramarinas,

choque narcótico na favela e no gueto yankee.

Mundo de dentes, máscaras.

Mundo sanguíneo depois do almoço nas ruínas romanas.

O coliseu agora se despedaçou sobre o sarcasmo.

Homem encostado no muro e no filho massacrado.

Não morreu, apesar da bélica homenagem de partículas.

O homem é o mundo.

O homem resistiu.

O homem guardará o trauma no armarinho ao lado da cama do hospital

e a fera lambe o beiço e os bigodes contaminados.

O homem cheira à carniça sob o sol da savana.

Construção tão bela foi feita para a morte.

O homem-fera tão belo foi feito para a morte.

O coliseu agora caiu.

O homem ainda insiste se a arena não há?