Que Remédio



Como viaja o tempo
E dele somos passageiros,
Sem percebermos vai-se
Desenrolando o novelo.

O espelho
Deixa de ser companheiro
Vão-se os cabelos,
Na cabeça
Dói a consciência
Com as picadas dos pecados,
Os beijos
Desviam-se da boca
Perdendo-se nas rugas do rosto,
Os olhos
Já não accionam o corpo
E doem os ossos,
O sangue
Que ontem era muito
E hoje flui pouco
Tira-nos o gosto
E a virilidade,
O coração
Fica com medo de amar
E não pode se emocionar
Com ele todo cuidado é pouco
Tudo que fazemos é muito
Tornando nossas vidas um pouco.

A vida continua difícil
E a cruz é o sacrifício,
Viemos ao mundo
Livres de pecados
E voltamos com eles, alastrado.