E ONDE É QUE NÃO SE SABE
Que praia é que não se sabe
se é do Onofre, Onório ou do Osório,
se é do Tomé, em Praia Seca?
O mar é verde, azul e complicado,
indiferente e gozador.
Que barraco é que não se sabe
se é barraco ou barracão?
Se é de zinco ou de sapê
ou se não é um barraco?
Que música é que não se sabe
se é de amor ou poesia?
Que gente é que não se sabe
se é gente amiga ou se vazia?
Que idéia é que não se sabe
se é ideal ou fantasia?
Que praia é que não se sabe
se é praia seca ou do Tomé
ou se Onofre, Ozório ou mesmo Onório
ou se nem é em praia seca.
Que sonho é que não se sabe
se é sonho doce ou pesadelo?
Que planos são que já se sabe
são de um sonho em contramão?
Que sonhos são que já se sabe
são de vontade e invenção?
Que praia é que já se sabe
não é a Seca nem do Tomé,
nem do Ozório, Onofre ou Onório?
Que praia é que todos sabem
é Araruama ou a do Areal?
E quem sou eu que já não sei
se sou mulher ou criancinha?
Que dia é hoje, que não se sabe
se é de alegria, de sol ou de tristeza e temporal?
Que hora é esta, que não se sabe
se é de sonhar ou de acordar.
Que lugar é este?
Que gente é esta?
Que queriam eles?
Que queria eu?
Não se sabe
nunca mesmo
se saberá.
1989