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Meu hoje visita o velho como um canibal antropofágico.
Uma fera insaciável que se alimenta do vácuo devorando os dias.
Dois céus nos separam; aqui, jaz o vazio nublado.
Feridas que não se curam por um estado hemorrágico.
Ingênua nostalgia, ainda sonha pelo que já não existe.
Veja os canteiros, as flores, tudo arrasado!
Meu pensamento é máquina do tempo buscando uma retrotopia.
Do quê isto adianta?
Só vejo fantasmas compondo o cenário de um filme triste.
Não há mais orvalhos que façam rimas com as minhas manhãs.
Por isso lhe peço, não venha a falar-me das flores.
Tão pouco, quero acreditar em novos amores.
Prefiro confessar o que ainda resta ao divã.
Jogar as palavras ao vento,
tudo passou.....
Retalhos são os meus sentimentos.
Admirável mundo ovo,
quebra tua casca,
nasça o novo.
Autor: Francisco de Assis Dorneles