Última Lástima

Tem uma gota de você em mim

que escorre sempre que eu vou deitar

e que colore a minha pele branca

em cada fio de dor a cortar.

Há um oceano de amor aqui

e uma montanha de decepção

que esconde toda a nossa paisagem

com rochas escuras de ilusão.

O meu sorriso tranformou-se em lágrima,

sua mentira, na última lástima,

nossos abraços contruíram mágoa

que bate no peito sem perdoar;

Palavras não puderam explicar

nem eu, poeta, pude imaginar,

pois nem a pura imaginação

sabe se quer ou não continuar...

Tem uma fenda de paixão aí

em qualquer canto que você olhar

e em cada boca que você tocar

é um coração sozinho a gritar

Pois tem um rio de mim em você,

tem um riacho vivo a despencar

e nessa sua triste e morta lerna

eu sou a lanterna a iluminar.

Esse passado que corrói a alma,

e esse pesar fútil da loucura,

hão de passar sim por entre os mares

do tempo futuro à causa da chuva

E esse dilúvio há de ir embora

se esvaindo por todos os bueiros

e os buracos do seu coração

que é de mentira, é o seu vilão.

E tem uma gota de nós no Mar,

e um fruto de memória na Terra,

e os passarinhos que voam no Ar

agora cantam ao Fogo que apaga.

E o que existia, agora são cinzas;

São o começo de toda uma história

e de um poema de lamentação;

passarinho de inverno canta em vão.

Mas essa neve há de ir embora

se derretendo por causa do incêndio

desse inferno que é o meu coração:

o teu brinquedo e o meu vilão.

Lucas Häkkan
Enviado por Lucas Häkkan em 30/06/2018
Reeditado em 09/08/2023
Código do texto: T6378092
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