Angústia

Angústia

Desde que você partiu

Disse adeus e foi-se embora

A solidão me envolve

O silêncio me apavora

Porisso minh'alma chora...

Vivo só e esperando

Um toque a me chamar

Mas esse ingrato telefone

Está mudo sem parar

No silêncio vem mostrar

Que nada tem pra falar...

Está mudo meu telefone

Está mudo a me apavorar

Na mudez do telefone

Na distância do seu ficar

Muda também fico a chorar...

Uma angústia toma meu peito

Um soluço a me atormentar

Desde que você disse adeus

Um gemido cortou minha voz

Fico aflita a me procurar

Mas estou só sem me encontrar...

Silêncio, linguagem inclemente

Fala tudo na alma da gente

Num mutismo atemorizante

No silêncio, linguagem que maltrata

Não diz tudo, não fala nada

Silêncio, linguagem dos ausentes...

E, na calada do seu silenciar

Sem meu telefone a tocar

Parece que o tempo parou lá fora

Ou correu tanto a se entregar

Perdeu seu rumo sem me esperar

Disse adeus também e foi-se embora...

Meu telefone continua calado

Tocou agora, corro a atender

Apressada, ansiada, desesperada

Era engano, não era você

Volto à janela a esperar

Ver sua sombra a me buscar...

E minhas lágrimas gotejando aflitas

Sem parar pingam esquisitas

Sofrendo comigo a solidão

Sofrendo o silêncio do esperar

No silêncio do meu coração

Meu telefone está mudo, sem compaixão...

Minutos, segundos, horas

Num desfilar desesperador

Não param de se mostrar

Parecem chuva a respingar

Nos pingos grossos do seu pingar

São minhas lágrimas sempre a chorar...

Pingam na minha janela

No meu parapeito de espera

Num contínuo gotejar

Só me vejo comigo sem parar

Você nem nota nada agora

Porque disse adeus e foi-se embora...

Pingam aqui, pingam acolá

Nem sei mais o que pensar

Você não volta pra mim

Nem mais sua sombra a voltar

Nem meu telefone a tocar

São o silêncio do meu penar...

Myriam Peres

Formatado:

http://myriamperes.blogspot.com/2007/08/angstia.html

Myriam Peres
Enviado por Myriam Peres em 26/08/2007
Reeditado em 26/08/2007
Código do texto: T624424