DESFEITA

DESFEITA

Como uma tarde em crepúsculo,
               que zomba da madrugada fria;
Como uma taça de vinho, já embebida,
               apenas marcada de um velho batom;
Como um felino que caça atrevido,
               mas que perde a ventura ao predador alheio; 
Como um mel passado aos lábios,
               mas que ao destempo, torna-se amargo;
Como um livro na prateleira,
               empoeirado pelo descaso;
Como a formosura do belo,
               embaçada à vitrine do inanimado;
Como o reflexo do ser,
               desfigurado ao espelho quebrado;
Como a soberba de um campo de girassóis, 
               ironizando o reinado da vitória-régia; 
Como um sinal de esperança (velho),
               frustrado ao meio ambiente (novo) ...

... é o teu silêncio que me repele. 

Eu me calo distante - e disperso me sinto - tão e somente,
perdido, 

... já que o teu amor... na desfeita da tua ausência, 
declinando à sorte do que passou, 
fizeste de mim o que não era pra ser,
               nem muito menos fazer...

(fim)
Poema subsequente-subliminar:

'Deixa disso, 
bobagens... esquece...
vem,
aparece!'