Selene

Ela assistiu o pôr do Sol...

Com a taça de vinho entre os dedos e o cigarro nos lábios queimando - lhe o paladar.

Pensou por horas nas infinitas razões que a fizeram escolher ficar.

O céu de alaranjado entrega - se ao rosa...

Era o vício, ela tinha certeza que era o vício.

Não a carne, a bebida, o perfume, não.

Era o vício efêmero

A voz, a letra, a poesia, a música.

O céu se banhava de roxo ao azul anil que queria ganhar espaço e cravejar tuas doces estrelas.

Era o desejo de aproveitar o veneno que lhe corria nas veias.

Ela dizia a si própria, todas as manhãs quando abria as janelas do quarto:

"Nunca mais!"

Lhe dava de presente desagradável cada lembrança ruim,

cada defeito, cada ferida e cada novo esquecimento.

Mas era olhar o Sol e se recordar por que ela desejava, mais do que tudo, ficar.

Era tolice e ela sabia, mas por mais que resistisse

ela era sua própria inimiga e sempre se dava por vencida.

Era noite e a Lua Cheia, sua amante, lhe dava o céu por dinastia.

O cigarro acabará e a taça estava vazia.

Morreu em seus pensares nos afáveis braços de Morpheu,

se quer se importou se a dor a flagelaria pela manhã.

Sua vontade de pecar contra si, era maior que possuir a redenção,

e talvez esse fosse o segredo e teus amores.

Ama - los como a noite que lhes fazia sorrir e abraçava - lhe a alma.

Odia - los como o Sol que parecia sentir prazer em queimar sua retina.

Ela era eu. E eu era ela...

L Orleander
Enviado por L Orleander em 20/08/2016
Código do texto: T5734771
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