Selene
Ela assistiu o pôr do Sol...
Com a taça de vinho entre os dedos e o cigarro nos lábios queimando - lhe o paladar.
Pensou por horas nas infinitas razões que a fizeram escolher ficar.
O céu de alaranjado entrega - se ao rosa...
Era o vício, ela tinha certeza que era o vício.
Não a carne, a bebida, o perfume, não.
Era o vício efêmero
A voz, a letra, a poesia, a música.
O céu se banhava de roxo ao azul anil que queria ganhar espaço e cravejar tuas doces estrelas.
Era o desejo de aproveitar o veneno que lhe corria nas veias.
Ela dizia a si própria, todas as manhãs quando abria as janelas do quarto:
"Nunca mais!"
Lhe dava de presente desagradável cada lembrança ruim,
cada defeito, cada ferida e cada novo esquecimento.
Mas era olhar o Sol e se recordar por que ela desejava, mais do que tudo, ficar.
Era tolice e ela sabia, mas por mais que resistisse
ela era sua própria inimiga e sempre se dava por vencida.
Era noite e a Lua Cheia, sua amante, lhe dava o céu por dinastia.
O cigarro acabará e a taça estava vazia.
Morreu em seus pensares nos afáveis braços de Morpheu,
se quer se importou se a dor a flagelaria pela manhã.
Sua vontade de pecar contra si, era maior que possuir a redenção,
e talvez esse fosse o segredo e teus amores.
Ama - los como a noite que lhes fazia sorrir e abraçava - lhe a alma.
Odia - los como o Sol que parecia sentir prazer em queimar sua retina.
Ela era eu. E eu era ela...