VIDAS PERDIDAS
Quatro décadas já passaram
E os homens não se lembram
Dos que a sua terra deixaram,
E ficaram pobres, sem nada.
Terra construída com mui suor,
Que perdeu a riqueza e a cor
Que lhe foi criada por obreiros
A que se dedicaram com amor.
Passaram muitos sois e luas,
Vozes que se calaram, peles
Que se arrepiaram e secaram
Com o agredir de gente reles.
Famílias para sempre divididas,
Como corpos cortados à faca,
Punhais espetados por prazer,
Inocentes que ficaram a sofrer.
Areias movediças que sugaram
Almas vivas que gritaram de dor,
E se afundaram num vil estertor,
Num mundo que diabos levaram.
Os pecadores que não têm cura,
Por sofrerem de doença perigosa,
Contagiam inocentes que confiam
Num futuro de nuvem misteriosa.
Ruy Serrano - 21.05.2016