DESTITUÍDO
Eu fui varrido com furor, com ódio, sem piedade ou misericórdia.
Eu sou considerado um mal no meio de todos, apesar de sempre querer fazer apenas o bem, só o bem para todos.
Todos se uniram para me destituir de um lugar que eu nunca quis tomar posse por mim mesmo, sou uma força que ameaça, quando procurava me dedicar e imaginava poderia unir forças, força que na verdade eu buscava na companhia de todos, na comunhão de todos.
Todos intentam me ver de largo, abandonado e vexado, um só me foi resgatar e me achou nu, desprotegido e como louco desorientado, vazio de Deus e do seu poder, que tanto desfrutei outrora em outro lugar com autoridade.
Autoridade que sem motivo me foi arrancada, muitos quiseram me enfraquecer e até agora não entendo e nem sei o que aconteceu, não sou vítima, sou culpado, mas do que?
Sei que não sou o único a sofrer tanto, mas a injustiça superabundou exageradamente, de modo a minar toda a minha força e de me fazer desacreditar daquilo que hoje se diz igreja.
Sinto-me rodeado por hipócritas, vis, raça de víboras, só pensam e fazem o mal, são egoístas, querem tudo para si, até as migalhas que caem no chão...
Não sei o que fazer, aliás, sei, mas não encontro forças nem ânimo para me recobrar, estou meio que à deriva em alto mar, meio que precisando decidir algo que não sei do que se trata, medo de errar para sempre.
Preferi a morte a viver assim, prefiro a morte a não saber o que fazer.
Os que disseram meus amigos se mostraram lobos, covas profundas e frias.
Quando eu mais precisei de alguém, nada encontrei, nada vi, a não ser claramente a podridão e o mau odor que produziram.
Tentar me rodear e me cercar com tom de amistosidade, pensam me enganar e enredar, não me deixarei vencer uma vez, não me deixarei vencer nunca.
Sei em quem confio.
28.06.2005