Alucinação.

A seca fez da terra uma pedra,

na rachadura vê-se uma ferida,

mas se pulsa, sangra e medra,

esperança é chuva única saída.

Sonha o poeta do alto da sela,

no campo a plantação tardia,

os olhos rasos d’água à espera,

miram o açude numa agonia.

Evoca as nuvens com seu Deus,

ajoelha-se num louvor ao Céu,

há silencio angustia no adeus,

toca o seu cavalo, parte ao léu.

Pela estrada apenas sua poeira,

a companheira nesta desilusão,

só vê o Mandacaru na clareira,

para ele o Céu azul é decepção.

Alucina-se, na estação feminina,

vive a Primavera pelo jardim.

Delicia–se no perfume. É morfina.

Acalma-se no beijo, de um jasmim.

o doce perfume lhe faz despertar,

à realidade com vultos medonhos.

Volta-se triste para seu cavalgar

sobre a seca, esta ladra de sonhos.

Toninho.

Setembro/2015.

Toninhobira
Enviado por Toninhobira em 08/10/2015
Código do texto: T5408792
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