Estolcomo
Está tão frio, tão escuro, tão vazio dentro de mim. Depois que você entrou eu não mais pude sair, e eu só queria um afago, mas você entrou e nem se quer disse ”olá”. Prendeu-me em mim, prendeu-me em ti, com correntes tão grossas que não tento mais quebra-las. E o que mais me aterroriza é sentir gratidão pelo cárcere, sentir amor, por tu, que prendeu-me no tédio do ser… São tantos dias presa que me afeiçoei as correntes que mancham meu pulso… São tantos dias a tua espera que não me importaria se entrasse novamente e não me cumprimentasse. É a Síndrome do Estocolmo, amar a quem violenta, amar o carrasco e a forca. Amar o afago é deixar de viver.