Pobre garota

Pobre garota! Tão benevolentemente

cede o coração macio,

que por um fio dele não cuido.

Mas, a Confiança é a mãe do Descuido,

que, por sua vez, é o filho da puta;

e a despeito do Berço dos Sentimentos que me aluga,

não aponta estrela alguma e está coberta de verrugas;

soluça de frio quando madruga para atender às minhas birras,

bebe água invertida, prende a respiração e não se cura;

olha fixamente o sol e não espirra;

perde tudo, a São Longuinho chama,

dá pulinhos e nada acha... mas me traz o café na cama.

Pobre garota! Tão inocente

e cega, que meu Cio

pelo mundo não enxerga,

pois, se visse o crime a criança,

mandava-me à cadeia ou à merda

- sem direito a Fiança.