Fale-me com seu silêncio.
Com seu olhar penetrante,
com seu linguajar engajado
recheado de metáforas perigosas,
hipérboles enganosas e
metonímias aliteradas
e sincopadas.
Fale-me com o pesar sobre as tristezas.
Mas hoje é dia oficial da alegria.
Temos que pular, dançar e rir
da graça reinante.
Fale-me de sua felicidade
de plantão...
de primavera eterna
colorida e perfumada.
Tudo tão límpido
tão nítido
como a limpeza feita a cloro.
Fale-me de seus umbrais,
de suas arestas abertas
e sangrentas.
De suas feridas poéticas.
Que pustemam lirismo.
Fale-me...
psicanalisarei tuas palavras,
lerei sua alma com lad
para não perder nenhuma linha
e diante do cadafalso das
falas
irei decifrando o dia em você.
E você no dia.
Ou pela vida a fora.
Chega a noite,
E as estrelas se entreolham
pasmas no céu imenso.
Minha janela tímida se abre
paulatinamente...
e colhe um pouco do éter
que se espalha sobre nossas
cabeças.
Permanece muito mistério
tanto nas falas como no enorme
silêncio que reina no imaginário.
Mas eu ainda lhe peço
por derradeiro: fale-me...