A MINHA MORADA É NO CEMITÉRIO
A minha morada é no cemitério,
É lá onde quero mesmo viver,
Mesmo que te custe, este critério,
Lá nunca mais vou mesmo sofrer.
Lá no Universo, no mundo etéreo,
Onde posso mesmo a sério, conviver,
Porém, digo mesmo muito sério...
Não me interessa mais sobreviver.
É outro mundo mais perfeito,
Que não existe muita maldade,
Onde já devo ter sido eleito,
Numa outra grande felicidade.
Muito longe deste Mundo hediondo,
Que não interessa mesmo a ninguém,
Se este Mundo é mesmo redondo....
Cheio de hipocrisia e de maldade também.
Não estou cá a fazer mesmo nada,
Só como e durmo. assim é o dia,
Sou um'alma muito desenganada,
Que lhe está a faltar muita alegria.
Sou reformado infelizmente,
Pra ser gozado e muito mais,
Sou ser humano e também gente...
Tenho sonhos e muitos ideais.
Deixem-me sonhar em paz e sossego,
Numa cambraia do medo simplório,
Mas ás vezes, só mesmo me entrego,
Nas profundezas do meu reportório.
ANTÓNIO MEIRELES COSTA
SEXTA, 28 DE NOVEMBRO DE 2014