"Aparências"

Aparências...

De repente me vi no espelho

Uma figura séria, envelhecida

Não sou eu!! gritei, assustada

Esta que agora aparece refletida

É uma alma distante, amadurecida

Sofrida, encanecida, vivida...

Um soluço cortou meus pensamentos

Meu Deus! Por que tanto sofrimento?

Foram somente as passadas da vida

Tropeços, esperanças sofridas, desiludidas

Emolduraram por inteira minha emoção

E, dos espinhos, os reflexos no coração...

Estamos entrando no outono

Na vida amarelamos desenganos

E as folhas no chão caidas

Indicam que da nossa aflição

Vamos reflorescer na paixão

Dar de novo vida ao coração...

Cada ruga expressa uma fuga

Cada fuga embaraço , emoção

Nascem muitas no desespero

Em todas semeio os medos

Que fincaram minha expressão

Oh! Rugas ingratas, revelação...

Mas, no reflorescer das verdades

As sementes mortas das falsidades

Não eclodirão mais seus dilemas

Serão apenas findadas, esquecidas

Porque as flores terão vencido

Todos oa embates destas vidas...

Outono, não passes tão devagar

Minhas folhas, sofridas, caídas

Neste chão que tenho ainda que passar

Mais dores terei sempre a perdurar

Nas cores que, no chão, refletem

São moto contínuo a me lembrar...

Mas, aparências, o vento leva

Rolando e se desgastando

Nas estradas se desmanchando

Mas os ares que restarão

Serão as rugas da emoção

Saindo fora da escuridão...

Myriam Peres

Myriam Peres
Enviado por Myriam Peres em 10/09/2005
Reeditado em 10/09/2005
Código do texto: T49358