"Aparências"
Aparências...
De repente me vi no espelho
Uma figura séria, envelhecida
Não sou eu!! gritei, assustada
Esta que agora aparece refletida
É uma alma distante, amadurecida
Sofrida, encanecida, vivida...
Um soluço cortou meus pensamentos
Meu Deus! Por que tanto sofrimento?
Foram somente as passadas da vida
Tropeços, esperanças sofridas, desiludidas
Emolduraram por inteira minha emoção
E, dos espinhos, os reflexos no coração...
Estamos entrando no outono
Na vida amarelamos desenganos
E as folhas no chão caidas
Indicam que da nossa aflição
Vamos reflorescer na paixão
Dar de novo vida ao coração...
Cada ruga expressa uma fuga
Cada fuga embaraço , emoção
Nascem muitas no desespero
Em todas semeio os medos
Que fincaram minha expressão
Oh! Rugas ingratas, revelação...
Mas, no reflorescer das verdades
As sementes mortas das falsidades
Não eclodirão mais seus dilemas
Serão apenas findadas, esquecidas
Porque as flores terão vencido
Todos oa embates destas vidas...
Outono, não passes tão devagar
Minhas folhas, sofridas, caídas
Neste chão que tenho ainda que passar
Mais dores terei sempre a perdurar
Nas cores que, no chão, refletem
São moto contínuo a me lembrar...
Mas, aparências, o vento leva
Rolando e se desgastando
Nas estradas se desmanchando
Mas os ares que restarão
Serão as rugas da emoção
Saindo fora da escuridão...
Myriam Peres