Retaliação

Olá, tudo bem, como vai?

Essa falsidade mata a alma

por saber que é sempre igual,

mas com intenções diferentes.

E o nada é companhia constante:

conversa com as paredes,

briga com a televisão,

chora no ombro do travesseiro.

A espontaneidade, a inocência,

a simpatia, a paixão,

onde foram parar?

"Cadê o tesão pela vida?"

Se foi junto com os humanos.

A melodia dita o ritmo

e a letra diz o sentido.

A mulher esqueceu o romantismo.

O homem tem que provar que é forte.

O bebê quer chorar mas não consegue.

A puta foi dormir e de novo não fez sexo.

A freira renegou a Deus.

O poeta perdeu o contato com a vida.

A roqueira quebrou o contrabaixo.

Querendo ou não...

É sempre eu quem termina o dia sozinha.

E não consigo evitar.

(2003)

Elise Garcia
Enviado por Elise Garcia em 15/05/2007
Código do texto: T488284