Estático
Desperto de um sonho inquieto
Ainda meio perdido entre a realidade e o delírio
Abro os olhos com dificuldade
O sol da tarde penetra tímido pela janela
Através de silhuetas, objetos e sombras embaçadas
No canto do quarto a poeira se levanta
Formigas se misturam com um resto de café
Mais um dia se passou
E nenhuma resposta
Nem mesmo um sinal do que está por vir
A vida segue sem sentido
Em pedaços costurados e enxertados de momentos
São memórias que se esvaem pela janela
Levadas pela brisa que vai e vem
Desliguei o meu cronômetro, quebrei o relógio da parede
Eu procuro por uma resposta, um motivo para ir em frente
Entre cacos e pedaços de coisas que não uso mais
Não consigo enxergar além das lágrimas que escorrem
Não sinto nada além da indiferença que penetra na carne
Não ouço nada além do chiado que ecoa no vazio
Estou estático
Parado nas sombras da minha própria vida
Procurando nas cinzas e na sujeira
Uma razão para continuar
Ou a coragem de fazer o que é preciso
Mas a resposta não vem
Tudo se resume ao silêncio
E então eu espero