"Chicotadas"
Chicotadas
As mãos que ora me afagam
Com este carinho louco
São as mesmas que outro dia
No desespero da mágoa
Fizeram minha agonia...
Mas abençoadas essas mãos
Nestas épocas derradeiras
Não afagam mais tristeza
Sendo agora só beleza
Imensidão , com certeza...
Foram chicotes que ainda zunem
Foram palavras que ainda maltratam
Foram gestos de só queixume
Acenos que ainda me matam...
Chicotes que me açoitaram
Em lenhos, sulcos profundos
Feridas que não fecharam
Amores que não acabaram...
Na fumaça que entrevejo
Nos grilhões da realidade
Sinto de tudo uma saudade
Como a carícia de um beijo...
Hoje, louca de alegria
Vibrando todo o meu ser
Agradeço-te os meus enlevos
Minha vida de esplendor
Pois agora é tudo amor...
Myriam Peres