"Recolhida"
Recolhida...
Minha casa é o silêncio
Meus muros, a solidão
Não tenho porta de entrada
Só varandas da ilusão...
Os ferrolhos desta vivenda
Como aldravas das saudades
Com os olhos na entre sala
E o riso que chora e cala...
No corrimão que antevejo
Sobe a angústia, desce o beijo
Nos patamares esperando
Saudades de ti, te amando...
Minhas paredes que cantam
Em sons roucos de nostalgia
Tudo que outrora seria
Aquilo que tanto queria
Amor, paixão e alegria...
Mas compensando a realidade
Vejo nos jardins meus plantares
De cravos, rosas e margaridas
Que contemplo enternecida...
Quando a lua sobe errante
Debruço-me no balcão, delirante
Envio meus quereres suplicantes
Em orações tão distantes...
Meu lar é minha saudade
Meu tudo, minha realidade
Que a vida me distingüiu
Vivo só deste meu amor
Verdade que me seduziu...
Myriam Peres