O crepúsculo do que se Pensava Eterno
O jarro se partiu junto à fonte,
O desejo não atravessou a ponte,
O amor baixou a fronte
E o olhar se perdeu no horizonte...
O pássaro fugiu da gaiola,
O mendigo pediu mais esmola,
O amor não sabe prá quem olha
E a mulher se sentiu orgulhosa em sua estola...
O universo continua em ressonância,
O velho perdeu a ganância,
O amor manteve a esperança
E sabedoria mantém a tolerância...
O som da voz provoca o arrepio,
A coruja aqui, neste lado do oceano dá seu pio,
Eu continuo a amar tudo como um vadio
E dela nem ao menos um sorriso sombrio...
Tudo nasceu em agosto,
Foram três meses de gosto,
Setenta e quatro dias de desgosto
E Rei morto é (o sol no ocaso) Rei posto...
No dia vinte nasceu,
No dia vinte nasceu,
No dia vinte nasceu
E no dia vinte nasceu...
No dia vinte nasceu, nosso amor.
No dia vinte nasceu, você que é flor.
No dia vinte nasci, eu que sou calor,
E no dia vinte nasceu o Ma que é esplendor...
No dia vinte nasceu um amor-perfeito,
No dia vinte nasceu um desejo eleito,
No dia vinte nasceu uma emoção no peito
E no dia vinte nasceu, mas não se consumou no leito...
No dia vinte nasceu e viveu,
No dia vinte nasceu e cresceu,
No dia vinte nasceu e floresceu
E no dia vinte nasceu, morreu...
No dia vinte nasceu o céu,
No dia vinte nasceu o mel,
No dia vinte nasceu a torre de babel
E no dia vinte nasceu e cobriu-se de negro véu!..