Vida de contradição

O Silêncio me ensurdeceu

O barulho me enlouqueceu

Amanheceu e eu ainda estou aqui

Sobrevivi em meio a tantos mortos

Por entre mil caminhos tortos

Vaguei na mais completa escuridão

Num falso adeus parti sozinho

Sem saber pra onde

Olhei pro céu e procurei ao longe

A divina solução

Abriu-se um vão

Um raio do céu ao chão

Eu disse então

Deus!

Que deus?

Que deus que nada!

A minha estrada ressurgiu ainda mais deserta

Uma porta aberta era tudo que eu queria ver

Morrer, talvez fosse melhor

Pior não poderia ser

Não sei por que, mas ainda estou aqui

Se já morri acho que ainda não paguei a conta

Estou neste mundo só de faz de conta

Cristão, carrasco e também ateu

Entrelaçados num sujeito só

Eu sou um nó, que nunca se desata

Uma gravata em volta do pescoço

Sou carne e osso

Cadáver adiado

Um condenado pela própria vida