rompi com tudo

rompi com meus olhos azuis e minha cabeça chata

minhas cinco gerações de empregados

o ódio aos vizinhos

o impedimento de comer manga com leite

os traços hipoglicêmicos

o liquor da espinha contaminado

ser enterrado com os pés descalços

rompi com a parte que me cabe nesse latifúndio

com os dedos de palheta e a gengiva roxa

a alergia a lagosta e a dedos cruzados

a olhar para o mar e esquecer do mato

a brandir a espada contra a lua desesperado

rompi com tudo

e em silêncio e com estardalhaço

anúncio o pássaro faminto fora do laço