Utopia - Canto 1 - Fênix

E veja um mundo novo tão diferente

Sempre morou além do horizonte

Admirável devaneio desfeito

Eu nunca tive o rio mas tive a ponte

Perdido no leito, o rio já secou

Seco pelo anjo, o anjo que pecou

Estou procurando aquele lugar

A morte diaria me faz imortal

O que é a vida senão procurar

O que faz feliz: a atração fatal

Quem vê as faces da perfeição

Está afundando no mar da ilusão

No caminho há a Ilha dos Pesares

Antes do paraíso tem a frustação

Quantos já se afogaram nesses mares?

Quantos já perderam a mente? Castração

Só basta estar vivo para morrer

Mas quantos vão sem se arrepender?

Uma escolha errada, morte certa

Receba a luz de quem não teme a morte

E se você deixar a mente aberta?

Mas como pode alguém sempre ser forte?

O fogo vem para quem o chamar

E a redenção para quem ousa ousar

Mundo perfeito, você mostrou

A grande mentira chamada amor

O sol nasce, você me abandonou

Assisto tão sozinho o sol se por

Eu busco agora a nova redenção

Luto por mais uma ressurreição

Fico perante as cinzas de onde vim

E sempre soube que iria retornar

Como a Fênix ainda estará em mim?

Eu não sei onde você vai estar

Rumarei para a morte novamente

Porém ela não será tão clemente

Minha utopia espera além do oceano

Volto sombrio no meio do caminho

Você me leva no seu mundo insano

Queime todas as rosas sem espinho

Uma nova vida e os mesmos ares

O passado doi na Ilha dos Pesares

Quantas vezes eu terei que morrer?

Eu nunca quis ter os nervos de aço

Toda hora será hora de aprender

Ser um viajante do tempo e do espaço

Que nunca se importará com mais nada

A luz se apaga no meio da estrada

A força de vontade desumana

Quando não houver mais aonde cair

Mas entre a vida sagrada e profana

Tem mais uma morte que está por vir

Hora de sair da vida na cela

Pulo para a morte pela janela

Você quis ser rio mas lhe faltou água

O fogo da Fênix que lhe secou

Antes que eu afogasse na sua mágoa

Sua mentira finalmente acabou

Então seque o rio da frustração

Entrego a memória à destruição

Corro pela planície devastada

Encontro o monstro chamado Passado

‘Agora sua vida está acabada

Não levante pois está derrotado

Mas ouça o nome de quem não te chama

Que leva embora aquela que te ama’

Como eu poderei vencer o Passado?

É colossal com cem metros de altura

E já entro nessa luta derrotado

Contra o gigante da minha amargura

Golpe avassalador me leva ao chão

O Passado é a minha grande perdição

TEntei lutar com toda minha energia

Todo glorioso esforço foi em vão

Mais uma batalha que perdia

Golpe mortal me tira toda ação

Por mais de cem anos tentei e lutei

Foi tanto tempo que desperdicei

Fui chamado pela atração fatal

Com um soco na cara me acertou

Monstro Passado, inimigo imortal

Sua fúria rampante me derrotou

Eu não sei para onde devo ir agora

O Passado insiste em não ir embora

Derrotado espero a chuva chegar

Quem enfrenta o Passado é destruído

Quem sabe a chuva vai purificar

Essa alma presa no corpo perdido

O rio se enche, não para de chover

Mente escura, difícil de entender

A Fênix em chamas me abandonou

Sangrando sozinho no corredor

Mas como vou saber para onde vou?

Como posso lidar com tanta dor?

Na sala escura fico trancado

Se a Fênix se for está tudo acabado

Não me abandone nessa maldição

O erro foi querer acreditar

A única saida é a minha aceitação

Quanto mais eu deverei me afastar?

E mais do que morto, estou derrotado

A mente perdida, corpo estragado

Um imigrante em minha própia casa

Existência caída no esquecimento

Mas a Fênix ainda me deixa uma asa

A chance de um novo renascimento

Espero o fogo purificador

Que transforma em cinzas meu velho amor

A vida morta chegou para mim

Tem muitas coisas pior que morrer

Eu nunca soube dizer a que vim

E foi você que fez eu me perder

Eu já viajei para tantos lugares

Me exilo agora a Ilha dos Pesares

Meu arrependimento à minha frente

E preso no sono de cem mil anos

Um grito desesperado, inconsciente

Que vinha dos meus sonhos mais insanos

Esperando a dor, espero o pesar

No negro lugar em que vou despertar…

Hanttu Monkeymann
Enviado por Hanttu Monkeymann em 31/01/2013
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