Das Novas Gerações
Um bebê chora a ausência da mãe.
Consolo-a, dando-lhe um pirulito envelhecido esquecido em meu bolso.
Descubro então que não fui talhado para isso.
Que mistério horroroso é esse da união de duas minúsculas células
Donde brota um outro ser híbrido!
Moldada pela cultura,
Destruída pelas neuroses familiares,
Esta criatura se agiganta e consome àqueles que lhes deram vida.
Da morte da geração anterior, erguem-se os rebentos do futuro.
Sobre o entulho do passado, constroem um mundo novo
Que nos empurra para as sombras do olvido.
Cada criança que nasce traz-nos uma mensagem:
“O seu tempo passou. Tua lápide te espera”.
Sabendo-me ultrapassado,
Já rabisco meu epitáfio.