CEMITÉRIO
Nós seguimos por caminhos tão distintos
Você feliz, cheia de amigos e eu na rua
Sozinho e à mercê de meus instintos
Minha mão já não pode tocar a sua...
Seguimos por estradas diferentes
As suas com flores, as minhas com espinhos
Você saudável e eu sempre doente
Você acompanhada e eu tão sozinho.
Os raios de sol do fim da tarde
Invadem sem pudor minha janela
Ao mesmo tempo que em meu peito arde
A brasa que restou do amor dela...
Trezentos e sessenta e cinco dias
Rotações, raios, eclipses, translações
Lágrimas, choro, ansiedade e agonia
Juntos já não batem nossos corações...
Dores e amores andam sempre juntos
Em todo e qualquer ponto do hemisfério
Meu amor e coração são dois defuntos
E meu corpo, vejam só, é o cemitério...