669) Lágrimas secas.
Quero chorar, contudo, minhas lágrimas estão secas.
Meus olhos calejados pelo sal que secou em meio às tristes pálpebras.
Não definitivamente, não tenho lágrimas...
Secaram no último verão, ou foi no outono, já nem sei mais.
Meu coração aperta, para que, porque insiste em bater no ritmo errado?
Quem há de dançar essa música funesta.
A quem se doará com essa foto manchada
Em meio a tantas cicatrizes no corpo marcadas,
A quem sonhará tantos sonhos desfeitos,
Não, não resta nada.
Cão sem dono, erva daninha, vento, ventania.
Mar em ebulição, ondas, choro sem canção.
Sem sentido, sem razão.
Cinza, poeira, pó
Só, solidão...