VAGA ESPERANÇA
Quase sempre me pego sonhando contigo
Dormindo ou acordada
Sempre alienada
Sem pensar
Acabo pegando um papel
E começo a desenhar
Teu rosto, teus braços
Teu sorriso, teus traços
Acabo querendo materializar sentimentos
Acabo criando tendências de arte
Ou mesmo sem papel
Olho pro céu
E te desenho no ar
Flutuo e crio formas que as nuvens não têm
E assim continuo a te recriar
Com uma pena imaginária à mão
Olho pro horizonte
E te imagino lá
Lá onde você possa estar
Na imensidão do além
No infinito do azul do céu e do luar
Olhos brilhando
Sorriso transbordando
É assim que te imagino
Do outro lado do abismo
Em face desse vislumbre
Chega alguém perto de mim
E sussurra no meu ouvido assim:
“Ele não vai mais voltar”
Olho para o lado de cá
E vejo como se um colírio limpasse minha visão
Um rosto armagurado
Face entristecida caída no chão
Olhos a chorar direcionados para um espaço distante
Que me orientavam para uma suposta direção
Molhados de lágrimas
Que intensamente falam a todo instante:
“Onde tu estás?”
A voz novamente me sacode dizendo:
“Por quem tu esperas?”
“Para ele, você não existe mais”
“De você, ele nem se lembra mais”
De repente minha visão horizontal torna-se vertical
Olho para os céus
Enquanto as lágrimas escorrem sobre meu pescoço, colo e corpo
As lágrimas agora falam: “Senhor, socorro!”
Socorro para diminuir essa dor
Com o antídoto que só o Senhor faz!
Enquanto isso a voz exclama:
“Para ele, você não existe mais”
“De você, ele nem se lembra mais”