PELO TEU SANGUE

Quando me corria teu sangue

a respiração era mais fácil

o palpitar do coração vívido

e por onde as veias passavam

sobrevivia um doce aroma de lixívia.

O corpo era forte e firme

como um colosso sem nome e espada

que sobrevive aos anos

pela imobilidade da pedra.

A voz era branda e calma,

os olhos eram limpos e viam

a clareza do dia

como se não houvesse noite.

As trevas não habitavam o pensamento

pois teu sangue cheio de oxigênio

dava fôlego ao sôfrego cérebro

capaz de vomitar desesperanças

Ávido por novas sensações

tomei a droga da existência

e vi que o sangue em mim

corria por causa de ti

O Colosso desabara na primeira tempestade,

o ar sufocou-me, a voz tornou-se desesperada,

o corpo decadente, os olhos catarata,

o cérebro subversão, ódio, imoral.

Cada novo gole de existência

destruía mais e mais aquilo

que teu sangue construiu em mim

Até que só restaram coágulos

e as veias entupidas deixaram de dar vida

e só chegava em mim a morte

mas preferi aquilo pois em fim eu existia.

Só pra mim. Nada pode ser perfeito.

Do livro “ISTO”

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 26/04/2012
Código do texto: T3633968
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